domingo, 19 de outubro de 2014

palhaço como as folhas de outono...

Desde pequeno, eu sempre gostei de sorrir, a maioria das pessoas até diz que o meu sorriso se traduz muito no meu olhar. 
Já sorri só com o vento, sorri com os outros, de mim mesmo e sem motivo algum. 
É engraçado quando dizem que eu sou divertido, que eu me sinto até menos louco em dizer que eu rio de mim mesmo. 
O meu sorriso normalmente faz os outros rirem, o que me dá mais um motivo para rir do vento, dos outros, de mim mesmo e sem motivo algum. 
Tenho esse hábito de fazer os outros rirem, mesmo quando eu mesmo estou a ponto de desmoronar. Não é nada que eu me orgulhe aos montes, ainda acredito que algumas pessoas ainda são assim. 
O que poucos sabem, porém é que eu também sei chorar. Não, eu não nasci sorrindo. Vim ao mundo chorando, e logo criança chorei rios. Crescido, chorei pelo que devia e pelo o que não mereceu ser chorado. Já chorei pelo vento, pelos outros, por mim mesmo e sem motivo algum. Depois de mais velho, foi ficando cada vez mais difícil chorar na frente dos outros. Alguns me julgam por forte, mas provavelmente eu sou mais fraco que todos juntos. Eu tenho vergonha de chorar... 
A vergonha é de tirar o sorriso dos outros junto com o meu. O meu humor é um completo circo emocional, que depois as cortinas se fecham e o público se vai, eu tiro a minha mascara e observo as minhas próprias cicatrizes, um nó se sobrepõe na garganta e as lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Ultimamente estas estão sempre pelos cantos dos meus olhos, ás vezes tenho que fazer uma força enorme para não as soltar, outras fujo, escondo-me, não consigo segurar. 
Dizem que forte é quem consegue sorrir, mesmo com tanta dor no coração. Eu porém, acho que forte mesmo é quem consegue chorar sem sentir vergonha. Colocar para fora toda a dor é um ato tão honrado que poucos conseguem. Hoje em dia ser palhaço qualquer um consegue. Ser um humano é que está cada vez mais difícil.
Ás vezes...
Saio de mim, dispo-me e envergo o manto do nada, o manto de mim mesmo. 
Abro o meu corpo, sem pele, sem carne, sem ossos. 
Flutuo no meu próprio além, navegando nas profundezas do meu ser. 
Descubro que fui rico sem precisar do ouro, sem precisar de outras riquezas.
E agora o que sou eu? Quem sou eu?
Abro o meu corpo com a mais fria e doce facada. 
Por amor, conheci-me por dentro. 
Agora existe em mim as mais temerosas angústias em forma de sangue enegrecido. Nas minhas tripas haviam lembranças, mentiras. 
Diante da minha gloriosa tragédia, a minha alma grita e chora! 
Correntes que me quebram, asas depenadas. 
Sabe-se lá quanto tempo fiquei acordado por sentir o teu cheiro nas minhas cobertas. Mesmo depois de lavá-las, eu não perdi a sensação de ter a tua silhueta do meu lado, que se dissolvia em pó sempre que me virava automaticamente para te abraçar. 
A tua respiração quente nas minhas costas foi substituída por um sopro frio do vento que entrou dançando pela janela aberta. 
Dói tanto não te ter por perto. 
Dói os cheiros, os gostos, os silêncios e o vento. 
O vento é o que mais dói. 
Constantemente vem murmurando em palavras frias que não ter ninguém é assim mesmo. 
Eu sei que poderia simplesmente fechar a janela, contudo também dói ficar sem as mesmas estrelas que te cobrem. 
O céu é um grande lençol escuro e cheio de furos, que deixa passar os pequenos brilhos das estrelas, os silêncios, a dor e o vento.
E eu quem sou?..Quem o vento levou.
Alguém que o vento derrubou com as folhas do outono. 

P.s: Eu sei que ainda não terminei o último post, e tenho os vossos comentários a aguardar moderação, talvez hoje ainda, ou amanhã vá terminar e fazer a moderação dos coments.
Namasté

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