terça-feira, 12 de agosto de 2014

ilusão na janela...

Hoje ao anoitecer tinha algumas lembranças sobre o meu pensamento, enquanto o vazio da luz inundava o meu quarto. 
Vou lá fora e acendo um cigarro, olho a lua e com ela a doce ilusão, de te ter aqui, não passa disso.
Resumo-me a uma tentativa ineficaz de dissimular o meu pensamento. 
As minhas mãos estão vazias, esperando que as tuas as preencham, num sonho que o tempo mostra que não passa de ilusão, nos meus dedos aperto o cigarro, que solta fumo e cinza de algo que já teve forma.
Escutei o barulho da noite, e o barulho da porta com os meus olhos no chão. 
Volto a casa, e enquanto entro os meus olhos acompanham os movimentos dos meus pés. 
Deito-me sobre a cama, sinto assim a brisa da noite sobre o meu corpo nu e frágil que me convida a refazer todos os momentos externos e internos que contigo vive e viveu, ilusão, não passa disso, o tempo vai mostrando isso ao longo do caminho, que simplesmente não caminha, parou. 
Sinto aqui a saudade de qualquer gesto teu. 
Enquanto a noite se torna fria e gélida, desabo eu num todo que se afoga, eu nem vejo as cores dos meus olhos. 
Sinto o ar que passa dentro de mim entre o instante breve de silêncio e aquela feição peculiar que só tu fazes sentir. Antes, eu só abria os meus olhos, mas contigo eu aprendi a ver. 
E agora tudo é uma ilusão, não passa disso, o tempo mostra-o, o caminho não se faz aos nossos pés. Somente em círculos.
Hoje eu só quero preencher o vazio da minha cama, com o meu corpo só, e me proteger do frio. 
Que o meu corpo seja apenas algo que dorme, sem vontade de acordar, aquela mania instigante de adormecer sem dormir. 
Ouço até a noite que entra pela janela, ouço os seus passos, o barulho do corpo e o líquido que navega pelas minhas veias. 
Enquanto eu morro, tu abres um livro e lês. 
Mas no entanto o momento passa, e ninguém esteve ali, porque eu não sinto, sinto somente o meu respirar. 
Ás vezes sinto-me assim, outrora penso no teu cheiro, mas não passa disso, ilusão.
Eu, não tenho amor.
Porque a cada passo que não se dá, eu me desfaço, e disfarço entre sorrisos o principio do meu fim.
E assim vou de mim mesmo, flutuando a esmo!
E depois de tantas ideias e princípios, vem o vazio, e trás consigo a sede.
Ilusão, não passa disso.
Na minha loucura.
E aqui a solidão é quem me segura, e o que vem depois das juras?
Vou eu demolir a janela, mas não transpasso, sinto os vidros na pele, vou até caminhando. Alguns cortam-me a sola dos pés, outros porém cortam-me por dentro.
Por que será que todas as palavras, promessas, ideias ou sonhos, não caminham?
Respostas em fuga...a noite continua...
Ilusão...sonho...

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