a tua desenhou o lápis,
eu fechei os olhos, olhei dentro de mim e peguei o lápis...
Tu pegas-te a minha mão e escreveste por mim!
Atrações físicas são comuns, conexões mentais são raras...
Por vezes sou um amante desenhado em carvão, desenhado nas minhas cinzas, desenhado no teu peito, pintado numa tela de aguarela na tua alma, consegui tocar, numa nota acima, aquele piano preto e branco, que os nossos lábios cobriram de vermelho não de sangue mas de desejo de provar o teu ser....
Tudo e nada...encontram-se porque nunca o tudo pode ser nada, nem nada é inexistente no triste sentido de não existir...
Quando escrevo amor, espero que o sintas na pele, porque senão , a tinta escrita em papel vai escorrer, como as tuas lágrimas correm pela tua face, escondida numa história, que és a única personagem e já não existe um nós, porque o pano caiu no palco daquela que poderia ser uma vida....
Louco por acreditar, insano por continuamente a procurar, nas ruas , no pensamento, nas minhas mãos em mim...Sim, tresloucado e sem sentido por escrever, por contar os dias e as noites que não tenho os teus braços e o teu olhar para a lua como uma criança...
A cor vermelha assusta-me, o meu sangue no teu sangue, as juras e pactos que ficaram lá atrás, esperando, momentos renascidos em esperança em cada momento que alcançamos...
Sozinhos...
Vermelho cor de fogo que sentimos, pecadores da mente que somos, longe um do outro mas que quando o corpo começa a arder, afastados pelo bom nome de cada um, o ardor e dor da sombra expelem a nossa voz ofegante de prazer, tirada a ferros das encruzilhadas...
O tempo que não avança, não pela vontade mas pelas grilhetas deste presente...
Sem compreender aquilo que nem ela compreende, a sua educação não lhe mostrou que os seus pilares de mulher prometida podem abanar e dobrar-se, perante vidas que nunca imaginou haver e até passava ao lado, histórias que lhe parecem estranhas à sua própria história de sentido único.
Viu um homem cobrir o seu corpo com o dele, e com as suas mãos fazê-la sentir tocada, entrando no seu corpo seco, melancólico, esquecido pelos anos que se foram juntando. Sentiu-se sufocada por tal intensidade de prazer que inundou a sua mente.
Serei ingénuo na tua ingenuidade, terei as mãos suadas no teu corpo virgem de prazer...
Olhos quase cegos na tua face triste, apenas rasgado por sorrisos roubados na distância, esta que nos fez esculturas...
Amo hoje o que ontem amei e o que amanhã desejo amar...
Não quero horas nem dias, noite ou dia, apenas amar sem mãos , sem boca, com ouvidos serenos que me levam à tempestade do acto, envolto no vento que levanta o meu corpo e o desce como uma folha de papel, que acaba na lareira com o suor que escorre no meu corpo até o dela, aguardando prostrados e sem voz o ultimo suspiro...
Aquele que mais dentro estamos, aquele momento de amar....
Se sentes no teu peito que deves partir então não dispas apenas uma alma mas sim duas, assim talvez nos encontremos mais além e até lá chegares não só....
Não uses uma máscara para te esconderes mas sim uma para mostrares quem és...
O corpo dá graças ao amanhecer e contempla o entardecer mas é à noite que é possuído pelas outras forças da natureza...
Nós...
Deixem-me ver o mundo com vossas mãos porque as minhas estão cansadas de tanto tentar o agarrar...
Percebi agora o que os meus ouvidos me traziam lá de longe, com os seus odores e sabores...
O mundo é grande com lugares longínquos mas sei, que em vez de o querer possuir como um objecto devo apreciar cada momento e cada passo que dou...
Sempre soube.
Ele também tem sentidos, nós é que devemos utilizar sabiamente os nossos...
Consigo ver tão longe com os meus sonhos que alcanço com os meus olhos o além do horizonte...
O sonho pode-me tornar uma pedra, os olhos mostram-me para onde vou...
Hoje, amanhã, mas o meu corpo vai ao seu alcance com as marcas de todas as quedas, de todos os arranhões...
Não é chorando sobre flores que um jardim nasce mas plantando, regando e podando, sempre que se renasce...
Dizem que os poetas são como o amor, navegam em ilusões e escrevem como se ancorassem o seu navio em porto seguro, aguardando até aquela hora por quem o vento o levou até lá....
Eu digo que os poetas são todos os que sofrem...
Navegar e ancorar no porto não é loucura nem pecado, vir a terra é tentação daquele que deitou borda fora as ilusões, para beijar sob a lua aquela mulher , unirem-se dentro de cada um, humidos da noite e dos seus corpos....
Escrevi o presente com os olhos, porque ele sente que passamos ao lado dele sem sequer olhar onde está, parando mais à frente no caminho, sentindo saudade do passado....
Porque um dia não fizemos dele o nosso caminho.
Não podemos ser e não ser...
Mas que a vida, por vezes, nos obriga a parecer obriga, mesmo que nos tenham ensinado que a nada somos obrigados...
Apesar do receio, adoro aquele obstáculo na vida...
Não sei o que ou quem era o obstáculo mas sei que ele não soube nem saberá que sou...
As vozes e os olhos do mundo são tantos e tão grandes que agora percebo alguma surdez e cegueira minha...Intencional!
Todos, um dia têm que escrever o seu capitulo final e colocar na ultima página a palavra “fim” para cair a noite...
Para isso tem que se saber ler e escrever a vida e os seus sentidos a compreender a alma, pois o sol vai continuar a nascer no monte a por-se no mar...
E nós só o vamos conseguir olhar, mas nunca o veremos...
Os cavaleiros de outros tempos encarnam hoje como um nada...
Não contam horas, dias ou mesmo as noites...
Não arriscam a vida em sangue mas sabem como é o seu corpo ser consumido por culpas.... de amar!
Não existem batalhas mas a terra é , como há séculos, molhada pelas lágrimas de quem, não pode dar sequer o primeiro beijo...
Sim ainda existem D. Quixotes...
Não se devem temer as palavras, estas quando batem no muro da verdade, cinza se tornam...
Receai as bocas que as proferem, podem contornar obstáculos....
Nós próprios...
No fio do gume daquela espada vive o amor, os amantes inebriados pelos lábios, não sabem o que está escrito….
Simplesmente sentem...
Amanhã já será outro dia, outro céu…
Se não nasceste sozinho não permitas que alguém te faça viver sozinho...
Estar sozinho é uma escolha, cravarem a solidão em nós é um poder que nenhum homem o poderá ter e muito menos usar...
Se o fizer a sua alma não está só morreu mesmo antes de a terra a receber...
As palavras têm em momentos, o poder de tocar o corpo de uma pessoa mas se as pessoas não tocarem em si , o seu corpo será eternamente será pedra, inerte, inócua e infértil....
Não mintam a vocês próprios, podem conviver com a vossa mentira mas nunca viverão a vossa vida....
Tenham consciência que o outro pode perdoar uma mentira mas não poderá viver com quem se nega, oculta e se subjuga ás suas mentiras de corpo marcado e de mente sugada pelo tempo, fragmentos de sangue , derramado por culpas auto flageladas...
Esta tela , indica o outro lado do caminho, aquele que devemos percorrer para não sermos engolidos por pessoas, mentiras, recuos, e histórias que desejam viver e sofrer sozinhas...
Quem as suas mãos deu.... e as fechou chorando lágrimas feitas laminas das suas noites, voltando para seu mundo de sonho, que considera vida por os seus olhos nada mais terem visto, deve caminhar sem olhar olhar para trás....
Se o chamarem deve olhar?...... Sim ela viu as minhas mãos.
Já lutei pela minha vida, já lutei por outras...
Hoje sem guerras, as batalhas surgem nas minhas mãos...
Mas falta-me a força---
São corpos que enfrento, são corpos que amo...
Jurei não deixar feridos para trás, hoje abato sem misericórdia a minha memória e a minha alma...
Continuo no meu caminho de circulo com as minhas mãos a envelhecer até eu ser um dia um pedaço de terra...
Sei quem sou e como sou...
Dores e faltas habitam em mim e vivo, como todos, com elas...
Os sonhos sobrevoam a minha existência mas o o céu de nós os dois os derruba com os seus ventos abutres de dores e leva para longe os pecados que se vão expiando.....
Para ser é necessário existir não apenas viver.....
Não sei sequer se as palavras são eternas...
Os homens, além dos olhos, tem fechado muitos livros...
Não chorem lágrimas de dores quando não são as vossas mais mãos dos que andam escondidos...
Olhar para ontem não é nem nunca foi tempo perdido, terra queimada, lá estão enterradas histórias com fim e outras que percorrem o purgatório do tempo...
Não desenhem o destino porque este é o reflexo dos tempos e atitudes, este não esconde minutos....
Esconde dores, pelo caminho...
Vem até mim e abraça-me...
faz-me sentir que estou vivo, mostra-me quem sou...
desprende-me dos dias e da noite, ensina-me a beijar novamente, a sentir prazer...
Encosta a tua cabeça e diz-me como se ama, perdi-me em tantos corações vazios que já nem sei se o meu também é....
Eu consigo ver a saudade não com meus sentimentos mas com os meus sentidos...
Como é belo amar, como é saboroso beijar os seus lábios mais uma vez...
Consigo ouvir na noite, as suas loucuras, os seus sorrisos...
Sinto o cheiro das viagens, dos locais, oh daquelas especiarias,das gentes...
Vejo-me vivo ao observar esta fracção de tempo que faz parte de mim...e de ti dentro de mim...
No fado ama-se, chora-se, e depois….
Sente-se saudade..
Palavras e gemidos, cruéis de tanta perfeição, entoam na alma, dorida de tantos remendos, de tantas esperanças de tantos regressos que não apareceram…
O fado conta histórias de vidas normais, passadas ou presentes, mas não encontramos o futuro nas suas notas...
O preto das vestes indica como somos iguais...
Não sejam juízes do vosso amor...
Sejam testemunhas...
Dos beijos que vos embriagam...
Das caricias que vos fazem perder a direcção...
Dos abraços , que da força brota cumplicidade...
Do aroma de uma simples ramo de flores, " roubado " no jardim do vizinho...
Do olhar inocente mas incisivo de um predador de atenção...
Sejam réus.....
Sim amo...
Sou culpado desta loucura de sentimentos e desejos, perto do céu e inferno, porque não distingo ambos, beijo de morte mas de paixão, os meus dedos , uma dezena são dez caricias diferente que sobem o teu corpo até ao cume que o poder de uma mão pode ter num corpo, sim abraço quase sufoco .... de tão perto estar de ti.
A sentença será sempre a dos homens, a razão a vossa...
A verdade, não sei.....as minhas palavras e os meus ouvidos ainda não alcançaram tal plenitude.
Se um dia percebermos que o passado não é apenas um lapso de tempo mas um pedaço da nossa existência, então a nossa vida atingirá um dos sopés da sabedoria…
Nascemos um todo, não retalhos que cortamos.
Então que nunca se dê ao tempo parte de nós, ele já possui a eternidade …
Existe uma altura, um tempo, que é necessário velejar até ao nosso porto mais seguro...
Andamos ao sabor dos ventos anos e anos que por vezes esquecemos o tempo que amamos, as noites sonhadas mas o mais penetrante no peito de um homem , por vezes esquecido , por vezes omnipotente é o sentimento cortante no espaço físico e intemporal, nascido corpo entregue a.....
Sim a ela, esta mulher orquestra tempo, ventos, sonhos, corpos...
Amo-a como a terra nunca nunca viu...
Despi-a com a beleza e delicadeza que se ouve o som dos lábios em trocas de carinhos, beijei-a como se fosse uma viúva negra, acariciei-a como a melhor seda do oriente e os nossos corpos se penetraram como uma alma única...
Hoje sinto-me estranho, do prazer supremo concedido a mortais, chego ao porto seguro, local para o qual lhe ofereci um barco em prata para lá chegar, e sentei-me.
Os passados foram dolorosos.
Mas as palavras também enganam, e é tão triste que fica cravado em papel que arde na alma.
A tua alma pode ser uma arco-iris de cores , os teus olhos os mais penetrantes de todas as espadas que tiveres, a tua voz pode ser o eco do vale mais profundo, o teu corpo o o fruto mais proibido e tuas mãos as mais desejadas por mim....
Mas vou-te contar uma história.....
Pediram-me uma vez para pintar um quadro numa tela em cru, como eu.
Desenhei e pintei uns olhos, nada mais.... eram lindos.
Pediram-me para completar a sua face...
Pensei, desenhei na minha mente, pintei nos meus olhos e desejei que fosse tu... a minha obra prima.
Na tela apenas ficaram os olhos... foi com eles que te vi e com os meus sentido te prendi em mim não fazia sentido uma face.....
A face e o sonho podem ser sempre meus até que o arco- iris para na inocência após a chuva dizer...... Estou aqui, repara em mim.
Estranho texto este que parte do cru da tela às cores da alma passando por confissões de terceiros estranhos a história de anos mas porque a face não não foi feita quadro?
Porque aqueles olhos são a minha inspiração, olham cores, almas, corpos, vozes, traições, histórias de poetas e escritores...
Abrem-se quando acordo não fecham quando adormeço porque são anjos dos meus sonhos, guerreiros das minhas batalhas, parte mim quando choro lágrimas de perda.
Sim poetas perdem pessoas, vidas e por vezes palavras......
Outras vezes perdem-se a eles próprios...
Ao soltares o cabelo vou sentir o teu cheiro, quando molhares os teus pés as minhas lágrimas vão escorrer.
Se um dia olhares sob o teu ombro eu estarei lá.
Se me souberes amar vem até há minha sombra.
Escondi-me de ti, da tua ausência dos teus olhos.
Caminha até à encruzilhada onde nos separamos mas contigo transporta apenas as lembranças e esperanças.
Não me julgues simplista não podemos viver de lembranças mas podemos encontrar nelas o que realmente temos de bom...
Se lhes virarmos a face também o fazemos à natureza humana ao desejo a um futuro que está cansado de olhar para o passado e ver corações parados não no tempo mas na própria vida que vivemos todos os dias, nascer do sol ao por do sol.
A vida está estafada de tanta distancia, de tantas meias palavras...
Vou estar lá, como quando se vê um barco a partir para novos mundos,
Quero-te beijar tanto.... como de ar necessito...
Quero-te tocar tanto como das minhas mão preciso...
Quero-te despir tanto como se o teu suor fosse a agua ...que bebo...
Quero estar em ti tanto quanto escrever outra pagina sobre ti...
Sem palavras fiz-te em mim,
na distancia as tuas palavras ouvi,
com desejo beijei os teus lábios cor de carmim,
com as mãos atadas o teu corpo senti.
Musa sem nome nem face que habitas nas palavras que escrevo, intima da minha alma, possuidora dos meus sentidos.
Não tens cordas mas tens beijos não me cegas mas consegues queimar, não falas mas sussurras para com as minhas mão e os meus dedos descobrirem teu corpo.
Vou voar , voar , voar tão alto até ás profundezas do teu coração, terras hoje estranhas para mim mas que no passado brotavam nas minhas mãos, a tua pele era o meu céu na terra, a tua boca o fogo que queimava tudo que no nosso redor era um impedimento.
Estranheza de passados e presentes só as próprias pessoas, que não colocam uma venda nos seus olhos e são convidados a ver a sua vida num segundo.
Como amante não correspondido apenas, em tapete vermelho, dizer:
De um segundo a um minuto, de um minuto a uma hora , de uma hora a um dia, de um dia a um mês, de um mês a um ano.
Eu, não consigo medir tempos, apenas momentos e pessoas.... e foram tão belos como uma catarata de emoções, entre o desejado, a tentação e o permitido.
Não sinto forças, não sinto a sua presença em mim.
Porque tudo aconteceu daquele modo, quando tudo era um todo impenetrável.
Não sinto sequer um passo dela na minha direcção.
As palavras que ainda perduram...
Amar e não ser amado é um triste fado mas amar e não querer sentir ser-se amado é morrer.
Não me deixem mais escrever na vida, só as palavras da minha lápide:
Amei tanto e tão longe, até ao por do sol, que neste dia decidi acompanha-lo para além do horizonte.
Há que saber partir mas deixo minha porta entre aberta, para entrares e sentires a minha presença.
O poeta não necessita de escrever palavras.
No céu azul, os seus pensamentos castanhos da terra são cravados a fogo no seu corpo.
Ele continua entre as sombras, percorrendo caminhos sem saber se algum deles é o seu.
Quando chega a casa o vazio abre a porta, a solidão ajeitava o seu leito para descansar.
Tudo era tão intenso que o momento não tinha tempo para o ser, desvanecia-se no ar sem hora ou lugar...
Os beijos eram instantes, as caricias tornavam-se desenhos em papel branco, sem uma única linha para escrever uma história .
Não me cortes as asas porque quero continuar a voar, sobre os campos e o mar, tocar os galhos dos pinheiros, ser livre de prisões que existem lá em baixo.
Quero poder todas as noites, fazer-te sentir no mundo, a minha sombra na luz da lua, que reflecte de norte a sul, poente a nascente, os teus olhos, as minhas jóias .
Não fales, deixa-me abraçar com as minhas asas o meu anjo da guarda que dorme no seu leito de sonho todas as noites, sem culpas, sem medos, sem horas, passado presente ou futuro.
Deixa-me molhar os meus olhos nas ondas do mar, que não são mais que as minhas lágrimas que até hoje chorei e tu não viste...
Agora vês como é difícil ser eterno.
Fui corpo, fui rocha, agora consigo voar e nestes sete mares, digo-te, vejo-te dos céus, não só linda mas como bela, alegre sorrindo no canto de tua boca com lábios cereja cor de sangue e pele macia como o seu cabelo que acariciava até no meu colo.
Adoro voar e cantar, assobiar como o vento e abrir as minhas asas como as pétalas de uma flor.
Lembro-me de todos os caminhos que percorri, a pé e nos meus sonhos, aqueles onde o trilho acabava e aqueles que me trouxeram até aqui.
Existem momentos e vidas, hoje sei que é mais um dia na minha vida....
Só isso...
Tenho saudades como um homem; queima a alma e os nossos olhos choram como no dia em que nascemos:
Puros.
Saudade é o meu fado vadio tal como a minha vida que abandonou hà sorte o meu coração, sem mar nem vento, apenas areia em que os teus atos me enterraram.
Amar é o sentimento mais belo da vida, ser amado é o melhor presente que os meus lábios podem sentir.
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